domingo, abril 18, 2010

Ok. Os posts salvos não existem mais.... Agora só postagens novinhas e criadas no calor do momento. Não garanto nada muito criativo no entanto.  Estou lendo um livro muito bom, e gostaria de colocar um trecho dele aqui. Este trecho é onde o narrador está descrevendo porque resolveu escrever esta "carta" que de certa forma é uma "auto-biografia". Não vou falar mais por enquanto, depois falo mais do livro. Vos deixo com o texto abaixo.


"... Em certos momentos minha vida parece-me banal a ponto de não valer a pena ser não somente escrita, mas até mesmo contemplada longamente e, de modo algum, mais importante, mesmo aos meus próprios olhos do que a vida de um desconhecido qualquer. Em outros momentos, ela me parece única e, por isso mesmo, sem valor e inútil, porque é impossível tomá-la como experiência para o comum dos homens. Nada me define: meus vícios e minhas virtudes são insuficientes para tanto; minha felicidade talvez o faça melhor, embora por intervalos, sem continuidade e, sobretudo, sem motivo aceitável. O espírito humano, porém, reluta em aceitar como obra do acaso e a não ser senão o produto fortuito do imprevisto ao qual nenhum deus preside, nem mesmo ele próprio. Uma parte de cada vida, e mesmo das vidas pouco dignas de atenção, passa-se à procura das razões de ser, dos pontos de partida, das origens. Minha incapacidade de descobri-los é que me fez, por vezes, inclinar-me às explicações sobrenaturais, procurando nas alucinações do ocultismo o que o senso comum não me proporcionava. Quando todos os cálculos complicados se evidenciam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a nos dizer, é desculpável que nos voltemos para o gorjeio fortuito dos pássaros, ou para o longínquo contrapeso dos astros."



Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano.

5 comentários:

Gustavo Freitas disse...

uhm, só posts novinhos, então! que blz :)

mando um site bacana, cheio de coisas legais pra pensar e fazer:

>> http://teamsuperforest.org/superforest/

bjk,
gustavo.

Luiza disse...

puxa, texto muito bonito! :) fiquei curiosa, que livro é?

Karen disse...

Autora: Marguerite Yourcenar,
livro: Memórias de Adriano.

tava em baixo do texto...

JOVV disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JOVV disse...

Gosto quando alguém diz ser diferente do que verdade o é, pois resta sempre um cantinho para bisbilhotar.