domingo, setembro 16, 2007

Freud explica

Bom segue um texto sobre o texto do Freud chamado o esquecimento dos nomes próprios... se tiverem paciência leiam.



Freud viaja de trem, conversa com alguém que é uma autoridade legal. No curso da conversa, esquece o nome do pintor Signorelli, que ele estava em vias de mencionar, autor dos afrescos na catedral de Orvietto cujo tema é o juízo final. Após o esquecimento, imediatamente dois nomes lhe vêm à mente: Botticelli e Boltraffio, mas em vão, eles não o reconduzem ao verdadeiro nome. Freud adota a atitude psicanalítica, então nascente (é o tempo do início de sua “auto-análise”), e recolhe suas associações. Surgem então duas novas palavras, Traffoi e Bósnia-Herzegóvina, ambas, como as duas anteriores, nomes próprios, no caso nome de lugares.

A explicação de Freud segue a via do que na ocasião ele entende por recalque. Freud não demarca bem a ordem do que se passa no nível das letras, do que se passa no campo do sentido, do que porta valor semântico. Sua explicação tende a privilegiar o sentido situado então como recalcado. Vale dizer, para cada nome que entra na cadeia de substituições, Freud pode detectar lembranças que situam perfeitamente os temas que o perturbam naquele momento de sua vida. Eis alguns deles: complicações com pacientes, em particular um suicídio, a derrocada de sua teoria da sedução, a questão da virilidade e da potência sexual etc. Ele, no entanto, não deixa de reconhecer o jogo literal, uma espécie de “automatismo”, concomitante ao esquecimento que se apresenta nas substituições. Em primeiro lugar, os nomes próprios são cindidos em suas sílabas constituintes, depois, uma transliteração, por via semântica, uma “tradução” de Signor do italiano pelo Herr do alemão. A terminação “elli” se conserva de Signorelli a Botticelli. Um “bo” se repete ao longo de Botticelli, Boltraffio e Bósnia. Os nomes se decompõem em unidades portadoras de sentido, “Herr”, “Signor”, “Traffoi”, e em unidades que se conservam nas substituições compondo os nomes que se sucedem — é o caso de “elli” e “bo” (Lacan assinala sobretudo o “o”). Finalmente, o fato, anotado por Freud, de que o esquecimento do nome próprio gera uma espécie de fechamento, isto é, uma “compulsão” a lembrar que traz como resultado outros nomes próprios que se compõem através da rearticulação das sílabas e dos segmentos isolados, que, inclusive, são em número finito. Vale dizer, as substituições respeitam a função discursiva da palavra esquecida, que é a do nome próprio: se um nome próprio é esquecido, esse esquecimento aciona uma série associativa de outros nomes próprios até o nome esquecido ser recuperado.

O entendimento de Freud naquele momento é o de explicar esse jogo literal pelo exterior, isto é, ele é motivado pela temática, pela semântica em jogo na conversa com seu companheiro de viagem. Na “superfície”, as piadas, que podem ser colocadas numa conversação ligeira, dessas que ocorrem numa viagem. Na “profundidade”, essas piadas estão na porta de entrada de questões relativas à sexualidade e à morte tal como elas se apresentam no concreto da vida de Freud, e que devem ser evitadas numa conversação ligeira. Lacan observa que, nesse nível, não há recalcado algum. Há coisas que têm de passar por fora, por fora da zona do dito, mas tais coisas não são propriamente recalcadas, elas são evitadas, não devem comparecer à mesa. No entanto, é nessa “superfície intersubjetiva”, para usar o termo de Lacan na ocasião, que se opera a escolha mais ou menos consciente entre o que deve ser dito e o que deve ser evitado. É nessa superfície, marcada pela contingência e pela facticidade, que fará irrupção o recalcado, mas o recalcado não como um conteúdo semântico, mas como uma formação literal irruptiva, isto é, como uma formação linguageira, articulável por uma combinatória de letras que se desdobra à revelia do sujeito, mas que, no entanto, cifra em torno do que gira sua questão fundamental – seu nome próprio, lugar de inscrição de seu desejo enquanto desejo alienado, enquanto desejo do Outro, inscrito no campo do Outro. Vejamos esse ponto.

Em primeiro lugar, o que temos fora do campo do sentido? Temos o não-sentido marcado pela palavra “esquecimento”, a incidência de um buraco, de algo que se coloca como falta, ou, melhor ainda, perda – o nome próprio que se perdeu. A seguir temos os nomes substitutos. Mas, do ponto de vista do regime do inconsciente, do jogo literal que se arma, temos que inverter a temporalidade e situar as coisas na sincronia, isto é, o esquecimento não é anterior à cadeia substitutiva, ele só se põe como esquecimento na sincronia com a cadeia. Por isso Lacan falará em metáfora, vale dizer, o esquecimento, antes de ser um fato negativo a ser eliminado pelo esforço lançado na tarefa substitutiva, é sustentado como tal, como buraco, como presença da perda, ele é “criado”, justamente no desdobramento da cadeia, no prosseguimento da cadeia. Isto é, a cada nome que se coloca na seqüência, o sujeito fará a prova daquilo que se perdeu, perda esta que traz o traço, aí sim recalcado, posto que esse nome não é aí evitado intencionalmente, ele não aparece como significação. Mas, por efeito do automatismo literal, o nome próprio é indicado, daí Lacan dizer que o esquecimento é um mecanismo de memória, por não se dizer, por se furtar, por se apagar – essa é uma propriedade intrínseca do nome próprio: poder ser perdido.

Em segundo lugar, também fora do campo do sentido, Freud notava que, à medida que a cadeia substitutiva prosseguia, lhe vinha à mente com muita nitidez (uma experiência que me pareceu próxima a uma imagem onírica) a imagem de Signorelli. Este pintor “assinara” com seu próprio auto-retrato o afresco por ele pintado no canto específico do quadro próprio à assinatura do autor. Lacan situa aí o tema do olhar. “O quadro é quem olha aquele que cai em seu campo; que o pintor é aquele que, do Outro, lhe faz cair o olhar”, diz Lacan. E o que Freud vê nessa figura? Ele vê “a figura projetada diante dele, dele que não sabe mais de onde se vê, o ponto de onde ele se olha”.

Lacan finaliza a lição da seguinte maneira: temos aí, no esquecimento do nome Signorelli, “a aparição desse ponto de emergência no mundo, desse ponto de surgimento por onde isso que não pode, na linguagem, se traduzir senão pela falta, vem ao ser”. Vale dizer, a incompletude articulada pelo jogo literal, indicada pelo nome próprio que se furta na articulação substitutiva, marca o ponto de incidência do olhar que constitui o sujeito em sua alienação fundamental ao significante.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Bom...

Vocês riram da mminha cara quando eu cantei a música original da banda Gillete, mas mais conecida nos anos 90 pela banda que "mixou" 20 fingers: Short Dick Man

Então segue o clipe q n tem o maldito remix com partes cortadas!
E nunca mais duvidem de mim!!!

PS: fe o maior sucesso na época!



E a letra:
Ah, ah
Ah, ah
Ah, ah, Ah, ah

Ah, ah
Ah, ah
Ah, ah, Ah, ah

Don't want no short dick man
Don't want no short dick man
Don't want no short dick man
Don't want no short dick man

Don't, don't, don't, don't, don't, don't
Don't, don't, don't, don't

Don't want, don't want, don't want, don't want

Don't want no short dick man
Don't want no short dick man

Iny weeny teeny weeny
Shriveled little short dick man

Don't want,Don't want,Don't want,
Don't want,Don't want,Don't want,
Don't want,Don't want,Don't want,
Don't want,Don't want,Don't want,
Don't want,Don't want,Don't want,

What in the world is that thing?
Do you need some tweezers to put that thing away

That has got to be the smallest dick
I've ever seen in my whole life
I have ever seen in my whole life

Get the fuck outta here
Iny weeny teeny weeny
Shriveled little short dick man

Don't want,Don't want,
Don't want,Don't want,
Don't want
Don't want
Don't want
Don't want
Don't want

Uh! Uh! Uh!
Uh! Uh! Uh!

Uh! Uh! Uh! Uh! Uh! Uh!
Uh! Uh! Uh!

Isn't that cute an extra belly button
You need to put your pants back on honey

Don't, don't, don't, don't, don't, don't
Don't, don't, don't, don't

Don't want,Don't want,
Don't want,Don't want,
Don't want no short dick man
Don't want no short dick man

Iny wee(x15)

Iny weeny teeny weeny
Shriveled little short dick man

Pobre, pobrecito
Que diablo eso

Pobre, pobreci, pobre procito

Que, que, que, que, que diablo eso

Don't (X36)

quarta-feira, setembro 05, 2007

O que acontece quando agente morre

Bom Esta é uma pergunta muito pertinente.

Mas eu nunca me preocupei tanto assim na parte mais espiritual da coisa.

Na parte do tipo:

"você vai para o céu"
"você reencarna"

Ou qualquer variável destas.

Eu não sei, eu queria saber o que acontece com as nossas memórias.
Na verdade não bem as NOSSAS memórias, mas as memórias que deixamos.

Sei que não somos imortais (ainda bem que não somos), mas também sei que nossas idéias não são imortais também.
Algumas pessoas poderiam dizer coisas do tipo:
"ahh, mas se tu for famoso e marcar a história as pessoas vão lembrar de ti."

Será mesmo?
Tudo bem que as pessoas irão lembrar de alguma coisa que essa pessoa fez, ou algo que ela falou. Mas a verdade, é que depois de sei lá uns 50 anos da morte desta pessoa, ninguém mais saberá de verdade como era essa pessoa. Tudo virará meio que mitos em meio a um fundo de verdade...

Outra coisa que eu sempre me pergunto é porque tendemos a "santificar" as pessoas que morreram (pelo menos as que eram mais próximas)?

É só tu pensar em alguém que morreu a não-tanto-tempo e ver como tu pensa nela. Principalmente se é aguém que realmente conhecemos e convivemos. Nós simplesmente esquecemos as coisas ruins que elas fizeram, ou tendemos a tornar engraçadas histórias em que estas pessoas aprontavam alguma coisa.

Sempre achei isso meio engraçado.


mAs na verdade não era sobre isso que eu queria falar.

Eu estava pensando em que diferença eu fiz no mundo?
Que marca eu vou deixar nas pessoas que eu convivi?
Como elas vão se lembrar de mim no dia em que eu morrer?
Será que eu deixei uma boa impressão nelas? Ou será que eu vou ser um lembrança remota? Ou apenas mais um nome na lista de obtuários?

A morte, ou a proximidade dela (seja nossa ou de pessoas próximas) nos faz pensar coisas bobas, e no quão frágil todos nós somos. Pensamos em porque ainda vivemos. Qual é a razão real da vida?

Curtição? Viver por viver? Procriação? Dinheiro? Amor?

Qual o motivo que nos leva a continuar? Não que eu apoie o suicídio, mas as vezes nós estamos no fim das forças, com tudo uma verdadeira merda, e ainda sim continuamos, mas porque? Claro que sempre que chegam os momentos felizes eles parecem compensar o resto, mas mesmo assim. Qual a razão?

Acho que eu só vou descobrir quando eu estiver morrendo mesmo.


Outra coisa me passou agora é aquela frase terrível:

"O tempo cura tudo"


Eu não sei se eu fico feliz ou triste com isso.
Acho que é a afirmação amis correta e verdadeira que eu já ouvi. verdade o tempo cura qualquer ferida (mesmo que seja com a morte), mas cura principalmente as feridas "da alma", as coisas que o coração sente.

Como eu disse, acho que isso me deixa ainda pior. Saber que sei lá, as pessoas que forma tão importantes na nossa vida, vão simplesmente virar lembranças lá no fundo. Que aquela dor tão terrível que agente sente quando sofre também vai virar uma lembrança (talvez até mesmo) boba. E que aquela sensação tão gostosa de felicidade pode passar a qualquer momento, e nunca mais voltar.

Nunca mais.

Não igual ao que foi.


Nada será igual, nada terá o memos gosto.

Talvesa as coisa melhorem. Fiquem mais gostosas, mais felizes.

Ou talvez não.