segunda-feira, maio 09, 2011

Os castanho-esverdeados

Olhou para ele. Sempre se perdia ao olhar para aqueles olhos, olhos grandes, arredondados, de um castanho esverdeado profundo e cativante. Aquele olhar, sempre atento, cuidando tudo ao redor. Ela sempre o observava com o canto do olho, tentando não ser notada.

Nunca funcionava.

Quando menos esperava, seu olhar escapava buscando por ele, e o encontrava a olhando fixamente. Imaginava no que estaria pensando:
Será que está pensando em mim?
Está me analisando?
E perdida em seus pensamentos, permanecia fixada naquele olhar. Dava-se conta de que passara minutos sem ao menos piscar - aqueles olhos também fixos nem ao menos pestanejavam -  com os olhos já doídos, ressecando, decidia então piscar. Milésimos de segundo, é o que era preciso para piscar, e ao abrir os olhos novamente, não encontrava mais os dele.

Como se nunca tivessem trocado aquele olhar intenso e íntimo, ele já seguia sua vida, sem nenhuma alteração.

Por vezes achou que estava enlouquecendo, mas nada era mais real que aquela troca de olhares.

Estava apaixonada. Mas não conseguia discernir se o sentimento era recíproco.

Angústia crescente, sentia-se uma adolescente. Amor platônico, ela passou a imaginar como seria estar com ele, sonhava com encontros aleatórios...

Estava a ponto de perder a cabeça.

Resolveu tomar uma atitude. Aqueles olhos castanho-esverdeados surgiam toda a vez que fechava os olhos.

Colocou uma roupa discreta. Ouvia o som dos seus passos ecoando ao andar pela rua escura... TOC... TOC..... TOC...TOC..... A rua parecia não ter fim, seu nervosismo crescente.

Então o viu, discreto, elegante, quase altivo.
Ele a viu, parou, e a observou atento.
Ela diminuiu o passo, respirou fundo, foi se aproximando.

Desconcertante, aquele olhar era desconcertante.

10 metros, 5 metros, 2 metros. Ele não se moveu, nem ao menos piscou.
1 metro. Ela parou, ele ainda a olhava fixamente. Ela estendeu a mão.
Por um tempo que pareceu eterno ele não se moveu, seus olhos fixos.
Então, ainda mantendo os olhos nos olhos dela, ele moveu-se em direção a mão dela. Aproximou-se lentamente, até tocar na mão dela.

Aquilo foi o extasi para ela, naquele instante teve certeza que o amava, que não poderia mais separar-se dele.
Quase como resposta, como se sentisse o mesmo, ele fechou os olhos.
Ela sorriu.

Ele saltou graciosamente do muro baixo, entrelaçando-se em suas pernas, ronronando alto. Ela se abaixou, pegou no colo o lindo gato negro de olhos castanhos-esverdeados e seguiu para casa, não estava mais sozinha.



Em homenagem à sexta-feira 13 quem vindo.

Um comentário:

Luiza disse...

hahahaha, maravilhoso!!! =) adorei!!!!