Ela deseja que tivesse sido só um sonho, mas nada mais pode ser feito. Não há tempo nem sequer para pensar sobre isso. A vida segue. Ela sabe o que tem que ser feito. Sabe que só ela pode fazê-lo. Por mais que tente fugir, e esquecer, isso sempre volta. Sempre está lá, pairando como uma sombra.
Ela seca o rosto, as lágrimas foram embora, mas sensação de vazio continua lá. Não é uma sensação que se possa explicar. Mas é imensamente dolorosa. Ela se arruma, tentando não pensar em nada. Ok, tudo pronto pra ir. Toma seu café, mais como uma obrigação, pois não tem fome. Respira fundo. O dia vai ser longo. E sai, sabendo que em poucos minutos terá que mostrar um sorriso no rosto, ninguém tem culpa do que está acontecendo.
O dia passa, sem intervalos e com aquela mesma sensação no peito. O dia passa e ela sabe o que tem que ser feito. Queria poder fugir, mas não tem mais como. Chega em casa. Olha para casa vazia. Está escuro, mas ela não vai acender as luzes. larga suas coisas em cima do sofá já desbotado. Senta-se por um instante. a casa pequena parece ainda menor. Sente-se sufocada, quase claustrofóbica. Levanta e vai até o quarto. Toma um banho quente, e a luz fraca do banheiro ilumina o quarto que tantas lembranças traz. Ela está completamente confusa. Não sabe o que fazer. Como? Porque? Onde eu errei? Ela pensa incessantemente. E lágrimas continuam caindo. Sai do banho. Coloca um pijama confortável, apaga a luz do banheiro e senta-se na cama. a janela está aberta e a luz da lua penetra no quarto, quase enconstando em seus pés encolhidos na cama. Ela olha pra lua. sempre gostou do luar. mas hoje sente que há também muita tristeza na lua. Irônico, o clima parece refletir meus sentimentos. Foi um dia nublado, chuvoso, mas a noite está mais limpa, permitindo que a lua seja vista. Ela fica muito tempo ali, pensando, as horas passando. a lua já quase não pode ser vista mais do ângulo da cama. Olhando para o céu ela vê uma estrela. Estrela. Sempre a minha estrela. Sempre no céu, sempre tão longe. Sempre no futuro, sempre inatingível. Quando vou conseguir alcançar a minha estrela? Dúvidas. Muitas dúvidas, seguidas de lágrimas. Não tem mais volta. Ela sabe o que tem que ser feito. Ela sabe que já está tarde. O porta vai se abrir a qualquer momento. Ela tem que tomar logo uma decisão. Fecha os olhos, as lágrimas caindo ainda.
O que fazer? Como continuar assim? O tempo vai passando. Ela abre os olhos. Tem um sorriso nos lábios, e as lágrimas continuam caindo. Está na hora. A decisão foi tomada. Ela caminha até a porta que dá para a sacada. Está aberta. Está escuro, muito escuro. Não há luz da lua, não há estrelas no céu. Não há céu. Ela tateia no escuro e sente o parapeito. Ela sobe na saliencia. Está calma. Ainda chorando, ainda com um sorriso nos lábios, mas calma. Tantas coisas passam na sua cabeça neste momento, e um certo medo a toma. Ela o afasta. Tem que fazer isso. Sorri pela ironia da situação. Respira fundo, e no escuro, ela dá um passo a frente. Sorri novamente, e desloca o peso a frente. Sente o vento passando por seu corpo a medida que cai. Está muito escuro, e ela sente uma vertigem, mas tinha que ser feito. O mergulho no escuro é angustiante, ela se sente caindo e caindo....
Um comentário:
Hah!
A parte da estrela é minha!
Em parte pelo menos, heheheheeh
(e realmente esse final me deu um calafrio...)
Postar um comentário